Não preciso de muito para ser feliz, nem para escrever
Não preciso de muito para ser feliz, livros e chocolate é suficiente. Não preciso de muito para escrever: me dê um objeto de inspiração, qualquer coisa e eu me apego nele como se fosse o ser mais importante da minha vida e o transformo na minha história. Adoro fazer isso.
Olhe pra frente e me diga o que vê, posso falar de uma caneta, de uma janela, de um tapete, de uma bengala, por detrás de qualquer coisa que você falar, eu vou usar minha imaginação e inventar a mais linda história, ou mais trágica, ou mais cômica. Afinal, o escritor é o maior mentiroso que existe, talvez não mentiroso, mas o ser mais imaginativo, mais inventor, mais criativo.
Então usarei todos os objetos acima narrados aleatoriamente para criar os três gêneros de história que citei. Escreverei tudo num curto espaço de tempo, vamos exercitar a escrita e, claro, a criatividade e a inspiração (que só me aparece de vez em quando).
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Ela sempre acreditou nos contos de fada, esperava ansiosa na janela pelo rapaz que lhe roubasse o coração, como foi com rapunzel, branca de neve, cinderela. Ninguém lhe dava atenção, diziam que ia morrer velha e sozinha pendurada na janela. Mas ela nunca perdeu as esperanças. No entanto, nunca viu da janela ninguém que lhe dirigisse um olhar. Porém, cartas com declarações de amor chegavam à sua porta todos os dias, deixadas no tapete da entrada, escritas à mão, à caneta, para que as palavras não se apagassem no vento. Não sabia de onde o admirador lhe observava, mas todos os dias ele lhe elogiava de como estava bonita vestindo blusa branca, de cabelos presos ou de saia. Nunca parou para pensar que as pessoas da rua não podiam ver se usava saia ou calça, a janela era alta. Ela demorou a descobrir que quem lhe observava era o vizinho que a via por uma janela lateral. Foi aí que a história de contos de fadas se tornou realidade. Ninguém acreditava que isso pudesse realmente existir. Mas hoje os dois se sentam em frente à janela para observar os netos correndo na rua. Ambos apoiados cada qual em sua bengala agradecem à janela por sempre estar aberta, assim como o coração dos amantes.
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Sentada confortável na poltrona, ela vivia a vida olhando pela janela. Não vivia mais romances, mas se alegrava de ver pela janelas os jovens casais apaixonados. Não tinha família, apenas sua bengala encostada na poltrona lhe fazia companhia. A alegria de seus dias era escrever cartas. As palavras não tinham destinatário, mas não quer dizer que não tinham emoção. As cartas se encurtavam, não pela falta do que contar ao papel, mas pela tremulação das mãos que resistiam em segurar a caneta. Por vezes sofria ao ter que se abaixar e alcançar no chão a caneta que caíra, pelo menos se ali caísse de velhice, seria no tapete macio que o marido lhe deixou de lembrança. Lembrança, eis do que se vive a vida quando se é sozinho. Esperança eis o que se vê pela janela quando se está aberta para a vida.
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Ela viajou sem estudar nada, não sabia os costumes do local, mas decidiu que queria levar uma lembrança característica do lugar. Decidiu levar um tapete persa. Do hotel, observando pela janela, avistou diversos vendedores ambulantes com seus tapetes nos ombros. Como sua fisionomia deixava claro que era turista, decidiu procurar por uma loja confiável que não fosse explorá-la. Chegou conversando com o vendedor como se entendesse tudo de tapetes, pechinchou, fez contas, pediu uma caneta para anotar os valores. Disse que voltaria mais tarde se decidisse por levar o tapete. Mas como ela não leu sobre os costumes do lugar, não sabia que voltar na loja com o preço de outro vendedor era extremamente rude, era falta de educação, não teve outra, foi expulsa da loja com cutucões de bengala do proprietário ancião. Passou a maior vergonha na praça e pior que não usava nem a burca para ter onde se esconder. Melhor estudar antes de viajar.
Vejo uma escritora aí :)
ResponderExcluirObrigada Anna! Quem sabe se eu escrever sobre nutella eu consiga desenvolver uma história bemmm longa.
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