Essa é minha frase quando leio um livro muito bom ou um texto excelente que me faz dizer: queria ter escrito essa história, queria ter tido essa ideia antes! Daí fico louca da vida que não fui capaz de ter o click. Por isso, fico com raiva do autor, fico de mal com os personagens, fico de bico com o próprio texto. Quero mais é que todos se explodam! Fico tão chateada que digo que o texto nem é tão bom assim. Que contrassenso. Primeiro brava porque é muito bom, depois brava porque acho tudo péssimo.
Essa sou eu: autora frustrada, que fica sentada, encostada no tronco da árvore esperando a maçã cair para dar o tão esperado insight. Como se a trama me viesse por uma maçã na cabeça, mas não sou Newton. Só me seria útil se eu fosse contar a história do bicho que vive dentro da maçã e fez o fruto cair podre no chão, ou então da menina que morava num lugar isolado e para se divertir atirava maçãs nas cabeças das pessoas que descansavam sob o pé das árvores.
Talvez por aí devesse seguir a história. A menina de apenas doze anos não tem amigos, não frequenta a escola, porque os pais decidiram ensinar-lhe em casa. Ela ajuda nas tarefas diárias, sabe tudo sobre o campo. Sua companhia corriqueira são os animais, seus jogos de videogame são as árvores espalhadas pelo campo, onde os galhos se curvam à sua ousadia, sua televisão é o rio refletindo os peixes que ela pesca. Ela é ligeira, sagaz, esperta.
Ela não tem com quem conversar, então quando alguém novo aparece só para cruzar o caminho entre uma cidade e outra, ela se põe a puxar papo, fazer amizade, começa com a maçã na cabeça, de forma a logo despertar a atenção do viajante. Não pensa na dor da pessoa, nem no incômodo, tampouco na artimanha chata que criou para receber atenção.
É o que ela tem para fazer. Como respostas ela recebe declarados "nãos" dos viajantes, ninguém quer perder tempo para falar com uma menina, ninguém quer explicar para ela como são as cidades que ela não conhece, como são as bibliotecas que ela não frequenta, nem como são as mulheres da alta sociedade.
A menina se aborrece por ser apenas uma menina e que pela estatura e idade é desprezada. Acha-se madura, mas seu comportamento na verdade afasta todo e qualquer cidadão que por ali procura descanso sob a árvore. A frase que ela mais ouve é "Tchau! Não quero mais saber de ti".
E assim ela volta para o topo da árvore, recolhe suas maçãs espera outro viajante com quem talvez venha a compartilhar suas ideias, sugar suas informações, jogar maçãs e talvez inspirar uma história. Queria eu ter a sorte de sentar sob o pé dessa árvore e receber na cabeça a ingenuidade, autenticidade, alegria e vontade de viver dessa menina, quem sabe daí eu teria uma boa história para contar.
Ta aí uma boa história! Já me prendeu, gostei :)
ResponderExcluir;) obrigada, quem sabe ainda possa virar um conto legal. hehehe
ExcluirQ fofo Marina! :)
ResponderExcluirobrigada Joy! :)
Excluir