Compre na Amazon com meu link

terça-feira, 14 de julho de 2015

Não me responsabilizo pelos que cativo

Quem leu "O pequeno príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry conhece a máxima Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. "Aquilo", leia-se também "pessoas". Venho matutando nessa frase, tão curta e com tamanho conteúdo.

Sim, já contei no blog que li o livro duas vezes, mas parece que apagamos da memória essas "frases de impacto" que na verdade deveriam permear toda nossa existência. 

Escrevo aqui porque estou me sentindo impotente, desleixada, sinto vergonha de não cuidar de quem cativei. Não consigo me dedicar a tais pessoas, dispensar a atenção necessária. Por isso o título do post, estou me sentindo irresponsável por aqueles que cativo.

Na minha festa de casamento meu pai disse uma frase: "que possamos cultivar e fortalecer mais nossos laços de amizade". E quanto me esforço pra fazer isso?

Pois bem, fazer amigos é fácil, conhecer pessoas é rápido. Agora cultivar amizades e profundos e verdadeiros laços de afeto, não é assim tão easy. Amizade dá trabalho, demanda tempo e atenção. Algumas pessoas exigem que você vá atrás. Existem pessoas que marcam nossas vidas, mas quanto valor damos a elas? Ou ainda pessoas que nos dão o maior valor e sequer lembramos delas no seu aniversário.

Quantas vidas marquei? Para quantas pessoas fui importante ou foram importantes para mim e quanto contato tenho com elas? De um ano para o outro esquecemos amigos que temos a certeza que levaríamos para uma vida toda se fosse possível. Mas é possível. Falo de amigos, mas penso que cativar alguém pode ser e é muito mais do que isso. É um sentimento diferente.

Cada de um nós cativa muitas pessoas durante a vida, mas quantas delas podemos chegar a falar abertamente de nosso sentimento de afeto, abraçar como o menino faz ali com a raposa? Sentir-se bem, sentir-se cativo, enlaçado por afeto, sentir-se responsável por tão nobre sentimento despertado em outra pessoa. É um dom, um poder.

Existem pessoas que gostamos tanto, mas vemos tão pouco. Assim o tempo nos consome e consome nossas amizades. Nos dias de hoje é mais fácil ser superficial, ser só "rede social", não nos responsabilizarmos por ninguém, não cativamos ninguém, não nos deixarmos ser cativados. É melhor afastar do que ter responsabilidade.

Que nossa irresponsabilidade de manter uma amizade não se sobreponha aos verdadeiros sentimentos de afeto, que possamos achar tempo no tempo que nos resta para cultivar o que cativamos.

Sentimento do momento: querendo abraçar, ao mesmo tempo, todos os que cativei até aqui. Haja braço centopeia.



3 comentários:

  1. Engraçado que essa frase sempre permeia os meus pensamentos também, principalmente em momentos que vejo não me responsabilizando por aqueles já cativados. É como um espelho.
    Ótimo texto, ele me fez refletir sobre o meus atos.

    ResponderExcluir
  2. Acho esse livro fantástico. Em Portugal é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 6.º ano de escolaridade. Muitos dizem ser um livro infantil, outros dizem que é para adultos eu penso que é para todos ou seja, uma história intemporal. O texto que partilhou aqui no blog leva a refletir sobre a frase, sobre nós e nossas atitudes. Procuro dar significado a essa frase apesar de muitas vezes achar que não é suficiente o que faço por quem cativo. Muito bom. Bjs

    ResponderExcluir
  3. Amei o texto. Gosto de ver os sentimentos mais puros expostos assim. Fica bonito, sincero e emocionante. Muito parecido com o livro. Sinta-se abraçada. Mil beijos Xis

    ResponderExcluir